Gastamos muita energia lidando com questões que não se resolvem – como um relacionamento mal resolvido ou um projeto emperrado – sem nos darmos conta de que, às vezes, basta uma atitude para mudar o rumo das coisas. Problemas costumam agravar quando agimos sem medir valor ou consequências. Palavra irrefletida, atitude precipitada, decisão baseada em especulação põem tudo a perder esgotando as forças diante de resultados que só se repetem.

Nossos medos e incertezas nos engolem, a insegurança paralisa. Mas, Guimarães Rosa já assinalou que “a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”. Buda, por sua vez, em sua filosofia milenar, ensina que as coisas são como são, não podemos evitar a imperfeição do mundo. Sofremos sempre que insistimos em fazer com que as coisas sejam como queremos e não como são. E esse sofrer, que vem da ignorância, do apego e do desejo, pode ser superado ao evitarmos essa tríade.

Algo deve ser corajosamente feito, como resolver, decidir, deixar de ser escravo do desejo que nos mantém acorrentados, por exemplo, àquele relacionamento difícil e reconhecer quando um ciclo se fecha, terminando o que precisa ser terminado. Há quem segure a tigela quente com as mãos para não perder o caldo, e se queima. Apegar-se aos ganhos secundários daquilo que nos maltrata não é persistência, é teimosia. Melhor soltar a mão, deixar cair, limpar a sujeira e recomeçar. Persistir é recomeçar.

Jogar fora o bebê com a água da bacia é ignorância. Paulo recomendou aos tessalonicenses examinar tudo e reter o que é bom. Porque, neste mundo imperfeito, projetos e pessoas também o são, convém retomar as relações e os projetos importantes, evitando que se percam na confusão da faxina.

A coragem para refletir um pouco mais quando desejarmos sem limite, nos apegarmos sem controle, agirmos sem discernimento, pode nos salvar de passar a vida cozinhando pedra e enxugando gelo.