O método fenomenológico é uma ciência rigorosa.

Surgida no findar do século XIX e início do XX, esta escola puramente filosófica fundada pelo Filósofo e Matemático alemão Edmund Husserl, propunha-se a descrever os atos puros da consciência e seus objetos correlatos – seus vividos.

A esfera consciente lega ao método privilegiado campo de investigação, uma vez que ela se abre aos fenômenos os quais, de modo penetrante, se lhe impõem, nas palavras da Filósofa francesa Natalie Depraz seguindo Husserl, em ipseidade de carne e osso.

Ora, não há pensamento sem objeto pensado. Não há julgamento sem objeto julgado. Tal é a premissa da escola filosófica, tributária de uma metodologia redutiva, deliberada, cujo resíduo é a consciência pura capaz de apreender verdades eternas, apodíticas, formais.

A fenomenologia foi como uma dessas guinadas no pensamento, que ocupa acadêmicos por décadas, séculos vindouros. Aliás, tal fenomenologia foi levada adiante por diversos pensadores; à sua maneira ou conforme os passos do mestre – Husserl – no grande campo das ciências humanas.

Além disso, teve significativo lugar na psiquiatria existencial e na psicologia compreensiva, ao mostrar-se ferramenta ímpar na descrição de morbidades psíquicas, pois aquilo uma vez inédito nos casos clínicos, sob os crivos do patologista experiente, não lhe pegaria de surpresa no futuro.

É que a redução eidética consiste na variação imaginativa do fenômeno, até que se separe o acidental do permanente, liberando-se aí a essência: aquilo sem o qual a coisa não poderia ser.

Destarte, pode-se analisar fenomenologicamente, por exemplo, a consciência do obsessivo-compulsivo. Ou então escutar as próprias descrições do paciente, algo do maior interesse clínico, pois só ele tem acesso ao saber psicopatológico.

Simultaneamente, a fenomenologia não quer apenas a vivência em suas idiossincrasias, embora a particularidade do contexto seja o que possibilite coletar o dado.

Pois o retorno à coisa mesma, mantém o rigor da ciência.